
06/10/2015
Número de leitores: 1637
Bem-aventurados
A. Zarfeg
Ver Perfil
Os que, como Kureishi, escrevem com o pau duro e a
Caneta de ponta mole, e não o contrário
Os que, como André Sant’Anna, vão tomar uma no boteco
Pra botar as ideias em ordem
Os que, como Bernardo Ajzenberg, usam um tapa-ouvido
Quando escrevem
Os que, como Carlos André Moreira, rendem melhor
Após tomar um cafezinho
Os que, como Fabrício Carpinejar, não conseguem escrever
Sem camisa
Os que, como Carol Bensimon, jamais dispensam o chimarrão
Os que, como Cintia Moscovich, não conseguem escrever
Com uma peça de roupa apertando
Os que, como Emílio Fraia, não conseguem escrever
Se o fim da última linha de cada parágrafo não estiver
Alinhado à direita na página
Os que, como Antônio Xerxenesky, não escrevem sem
Estar bebendo, não bêbados, que fique claro
Os que, como Daniel Galera, escrevem com uma
Janela do lado aberta
Os que, como Marcelino Freire, estão sempre atrasados
Para escrever
Os que, como Rodrigo Levino, não conseguem escrever
Sem uma rede de balanço
Os que, como Sérgio Rodrigues, escrevem no Word,
Times New Roman, corpo 12
Os que, como Cardoso, escrevem usando muletas mentais,
Tipo chapéu Panamá ou máscara de borracha
Os que, como Carola Saavedra, escrevem do jeito que dá,
Mas não abrem mão da xícara de café
Os que, como Ivana Arruda Leite, preferem reescrever,
Mexer no que já está escrito
Os que, como Marçal Aquino, escrevem exclusivamente
a mão
Os que, como Edward Pimenta, escrevem renovando o
Copo de Coca-cola light
Os que, como Índigo, acordam, tomam café e já vão
Pro computador, sem tirar o pijama
Os que, como Andréa del Fuego, escrevem escutando
música
Os que, como Daniel Pellizzari, escrevem completamente
pelados
Bem-aventurados somos nós que, fumantes ou não,
Consumimos as manias e superstições dos que escrevem,
bem ou mal

POESIA
Santa
|
CRIAÇÃO
Ah, Izabel
|
CRIAÇÃO
Valentina
|
POESIA
Bocão
|
POESIA
Haicais
|
PROSA
Quando setembro chegar
|